sexta-feira, 2 de abril de 2010

UM CHORO DE CORTAR A ALMA DA GENTE!

Um velhinho de 83 anos, pessoa simples, magro, sem muita firmeza do andar, compareceu a Associação, timido, de voz fina, perguntando se haveria uma bolsa da caixinha vermelha de um determinado tamanho porque "tinha abas largas" porque o seu ostoma é ileostomia e estava sendo obrigado a passar por uma serie de sessões de quimioterapia e isso provocava constantes crises de desinteria e quando isso acontecia as bolsas de abas estreitas não conseguiam segurar a bolsa na pele do abdomem. Então tinham que ser da "caixinha vemelha " que tinha abas largas suficiente para lhe dar garantia de que não soltaria tão facilmente.
A Associação recebe muitas doações de bolsas e elas são doadas graciosamente para os necessitados caso haja qualquer tipo de imprevistao.
#Ee o posto não tenha, ou porque não está cadastrado, ou porque o paciente ainda não teve alta, ou porque ainda está fraco e não tem condição de se locomover, ou porque aconteceu algum acidente e a quota acabou antes do tempo de receber nova quota, pois na vida do ostomizado existem tantos imprevistos que se torna necessario esses casos de emergencia. Existem varios comercios pela cidade que fornecem as bolsas mas como a maior parte são importados o preço é proibitivo para determinados usuarios.
Ele explicou que como estava muito fraco pediu para a sua esposa vir buscar a bolsa no psto porém o que foi fornecido não serve porque no lugar de bolsas de fezes ela levou, por engano naturalmente, bolsas de urina.
E na associação, infelizmente, não havia a bolsa de "caixinha vermelha" no tamanho exigido. Era constrangedor mas era verdade. O idoso de 83 anos ficou triste, frutrado, como quem diz, e agora o que faço? a bolsa é meia vida para ele que não tem condição de adquirir algumas no comercio e dos seus olhos, sem nada dizer, apavorado pela falta de bolsa adequada sem nada entender, abatido pelo desespero começaram a brotar lagrimas. Era o choro de quem dependia da bolsa como o ar que respira. O que fará sem a bolsa? Naturalmente pela sua cabeça deve ter passado um monte de ideias tristes sem duvida.
A moça, voluntaria e também ostomizada há muito tempo e também de idade, que presta esse serviço sem nada ganhar, nenhum salario, passagem pela sua conta, refeição por sua conta, tudo por sua conta particular, até o cafezinho por sua conta, teve uma ideia, tipica da ideia luminosa que nasce nesses momentos de extrema gravidade, foi ao fundo e procurou, procurou, procurou e apareceu com bolsa de duas peças, cuja praca apresentava uma maior seurança e aconselhou o velhinho a comprar um esparadrapo anti-alergico e reforçar a beirada da bolsa.
Não consigo esquecer o sorriso do velhinho entre as lagrimas porque ele compreendeu que a sua situação estava salva até que chegasse novamente o dia em que poderia receber mais um estoque de bolsa do governo.
O idoso senhor que quando jovem pode ter sido um homem rijo nas suas decisões, rispido nas respostas, trabalhador de muita alma, agarrou a mão da moça e beijou sem nada dizer, já com as lagrimas secas, identico a um homem que na ultima hora escapa da forca.

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