Aos 82 anos de idade faleceu ontem Ariovaldo Castro de Almeida, presidente vitalicio da Associação Valeparaibana de Ostomizados, da cidade de Taubaté,SP, que para nos significa um marco importante na historia de ostomia e ostomizados principalmente pela sua bravura, coragem com que enfrentou, junto com a sua familia de esposa e seis filhos, mais de cincoenta anos na condição de ostomizado. Ele sofreu a cirurgia em 1960 quando nada havia que protegesse o ostoma, o incomodo ostoma, que liberava fez e odor a toda hora. Naquela epoca não existia nenhum super mercado nem lojista que fornecesse um saco plastico. Supermercado era chamado de armazens de secos e molhados e o envolucro utilizado para servir a freguezia eram sacos de papel. Não existia também fraldas descartaveis. Não existia nada a não ser um cidadão solitario em São Paulo que tentava fabricar um envolucro do tipo bola de borracha cortado ao meio e que se atava ao abdomem numa tentativa de brecar os dejetos. Numa entrevista feita pelo jornal da AOESP, a esposa dele contou que quando se casou tinha dezessete anos e logo em seguida ocorreu a cirurgia do marido. Toda manhã o seu primeiro trabalho era lavar as roupas de cama. E assim nasceram os filhos, hoje todos adultos e muito bem encaminhados em suas devidas profissões.
Mais tarde a Associação comemorou o meio seculo de ostomizado...
Em todas as vezes que nos encontramos Ariovaldo ele nunca reclamou da sua vida de ostomizado muito pelo contrario, presidindo a entidade, sempre manifestou solidariedade a todos os que o procuravam tornando-se assim um exemplo de conformação, um modelo de pessoa que definitivamente cativava os que no primeiro instante de ostomia não se conformavam em servir-se ou ser usuario de bolsas coletoras.
Com a colaboração decisiva do nosso presidente da AOESP, José de Arimatheia Oliveira, ele fundou a Associação Valeparaibana de Ostomizados, com sede em Taubaté, abrangendo todos os municipios da região e até de cidades vizinhas do estado de Minas Gerais.
No Brasil existem, sem duvida, outros exemplos dignificantes de ostomizados, mas é que no caso de Ariovaldo ele foi nosso companheiro de inspiração, de conformação, de luta, de trabalho, de força espiritual, essa força Divina que move a humanidade em direção ao correto e a justiça. A maior parte dos seus 82 anos de vida foi dedicado aos ostomizados, inteiramente dedicado e o mais admiravel é que teve a cumplicidade, o apoio, a aceitação da sua sublime esposa. A ostomia nunca foi um entrave para a formação de sua familia, muito pelo contrario, serviu de exemplo, tanto é que uma das filhas, na qualidade de enfermeira se dedica aos hansenianos...
E agora que ele partiu o que podemos dizer aos que ficaram? Meditem muito, raciocinem profundamente, e se porventura a ostomia for definitiva aceitem como uma oportunidade concedida por Deus porque é vida e sendo vida não se pode jogar pela janela...
Que o exemplo de Ariovaldo Castro Almeida sirva para todos os ostomizados que estão em duvida. Sabem por acaso quanto tempo ele aguentou sem bolsa adequada?
Com licença, meus amigos, pensem bem, vinte e quatro anos.... porque a primeira bolsa só chegou ao nosso pais em 1984 com a entrada da Hollister que trouxe a bolsa de karaya.
Hoje nos temos quatro laboratorios - Coloplast, Convatec, Hollister e Casex - cada um com as suas ultimas modernidades melhorando em muito a qualidade de vida dos ostomizados.
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