Enfrentar uma doença milenar como o mal de Hansen não é facil. Muita gente diz que é uma doença biblica, mas não é, já existia há quinze seculos antes de Cristo e somente no seculo passado Hansen descobriu o bacilo e a OMS entrou firme na sua erradicação e conseguiu a imunização.Assim a India, Nepal e outros paises que como o Brasil, os pacientes eram confinados em colonias fechadas puderam dar liberdade.E então começaram os dramas. Antes da adoção oficial do nome hanseniase existima os postos de saude exclusivos para atendimento de tal doença, os dispensarios, também denominados de DPL. Esses locais contavam com equipes de medicos e enfermeiros especializados, que não se impressionavam com o que viam nem tinham qualquer medo. O atendimento ao paciente era, de certa forma, um privilegio.
Porém na tentativa de diminuir o preconceito suprimiram-se esses postos exclusivos, o que fez piorar, e muito, o atendimento aos hansenianos, pois hoje, quem atende esse doente nem sempre sabe o que é essa doença. Necessitamos urgentemente de centros especializados, pois a hanseniase está se alastrando Brasil afora, e o preconceito aumenta a cada dia. Exemplifico. Sempre - nos conta o depoente - tive problemas de calosidade nos pés e quando não ia ao podologo, que já me conhecia e me tratava muito bem, eu mesmo extraia os calos.
Certa vez - continua - através de meu convenio de saude, procurei um ortopedista para tirar um calo infeccionado no dedo do pé esquerdo, quando declarei ao medico minha doença ele se afastou de mim e dispensou-me com uma receita de antibiotico. Revoltado rasguei a receita assim que sai de seu consultorio.
Todo esse preconceito é justificavel pelos mais ou menos vinte anos que nos passamos assistidos pela OMS, imunizando, recebendo remedios, orientações, porque o orgão da ONU tinha um combinado de baixar o indice de hanseniase ao nivel de um para cada dez mil habitantes. Os vinte anos significaram praticamente um esquecimento da doença até que em 2009 houve um levantamento da situação e constatou que o mal de hansen havia feito 36 mil novos casos predominando crianças. O Brasil recebeu pouco tempo depois a visita do Lhofei Sassakawa, japones membro da OMS determinado a, se possivel, erradicar a doença no mundo todo. A grande maioria dos paises estava controlando dentro da faixa exigida pelo orgão internacional e no Brasil, diante da alta taxa de casos novos, houve um dialogo aspero com o governo e o entao ministro da Saude cancelou toda ajuda que vinha do exterior.
Em tempo recente foi realizado um simposio para acabar com o estigma com participação de altas autoridades da medicina e representantes da OMS e do Morhan. E nos perguntamos: como???Fazer desaparecer o estigma é impossivel só podendo ser amenizado com curativos sucessivos. E nisso entra auto-estima, auto-rejeição, depressão, astral baixo, etc. e obviamente o preconceito, porque o esclarecimento sobre a doença ficou adormecido nesses vinte anos.E a temeridade sobre a doença regrediu a epoca das trevas. Na foto mostramos ao lado da senhora o Pedro Rubio de camisa vermelha que nos ofertou casos impressionantes.
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