segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A PROCURA DE INFORMAÇÕES E COMPANHEIRISMO DE OSTOMIA

A dona Ida (foto) foi ostomizada há pouco tempo devido ao cancer e compareceu a reunião da AOESP pela primeira vez acompanhada do seu marido, um companheiro extraordinario que se preocupa e até ajuda a trocar as bolsas coletoras, quando há pouco tempo uma familia se desmoronava. Ainda lembro de uma tragedia ocorrida nos idos 1960 quando não havia nem Hollister, nem Coloplast, nem Convatec, nem Casex e nem havia organizações nascendo como a B.Braun e Salts. Pois bem, o paciente submeteu-se a cirurgia e voltou para casa ostomizado. A esposa e ele tinham tres filhos menores, ele taxista e ela tinha um salão de beleza. O marido voltou curado porém com ostoma coberto com meia bola de borracha amarrado com fios na cintura o que não impedia nem o odor e nem derrames circunstanciais de liquido e até de solidos. Apesar dos pesares a volta do chefe de familia era uma felicidade e todos o receberam de braços abertos, menos o caçula de dois anos que logo notou o forte odor e exclamou na sua inocencia:"Hummm, que cheiro!"
Em pouco tempo a familia desmantelou-se pois a esposa pegou os tres filhos, fechou o salão e foi embora e ele tentou continuar no seu oficio de motorista de taxi, mas obviamente não deu certo.
Esse tipo de tragedia perdurou até o ano de 1984 quando a Hollister introduziu no país a famosa bolsa de karaya em uso até os dias de hoje. O Dr. Afonso, na palestra de outro dia perguntou em que ano foi fundada a AOESP. Foi em 1979 porque o medico Paulo Piratininga e sua equipe chegando de manhã encontrava aquela fila enorme de ostomizados reclamando, não preciso nem comentar e aquilo era uma dor de cabeça, isso já antes de 79. Mas desde que em 1710, o medico Litlé, na França, fez a primeira cirurgia do intestino não mudou nada até os dias de hoje. Está certo de que os insumos melhoraram, as coletoras modernizaram-se, os exames deram um salto, a reversão ganhou a maquininha chamada "stapler", mas de resto pegou cancer, corta-se o pedaço atingido e bolsa nele. O que aumentou foi a variedade de doenças intestinais, aliás a cirurgia pode se dizer até aumentou porque quando o medico diagnostica um crohn que atinge da boca até o reto o jeito é arrancar todo o intestino grosso e ostomia nele.
A dona Ida, recem ostomizada, apos as explicações do Dr. Afonso, conversas com os ostomizados, deve ter se conformado e até animada a viver como qualquer outra pessoa, porque, como dizem os experts  Mario Romero, Candinha Santos, Sioneia e tantos outros e outras, a ostomia nada mais é que uma sobrevida sem limitação a não ser vontade de Deus. 

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